A pouco, no grupo Magia do Caos, houve um debate sobre o perigo de Servidores que viraram Tulpas, e houve quem concordasse e quem discordasse. Eu fui um dos que discordaram veementemente e uma amiga (bjus, Lua!) me pediu que discorresse sobre o assunto. Bem, aqui vai minha experiência com os perigos das Formas-Pensamento, sejam elas qual forem.
Quando falamos de Servidores, Tulpas, Egrégoras e afins, estamos falando de formas-pensamento. Se você não está familiarizado com o termo, recomendo que estude mais antes de começar a trabalhar com servidores ou será mais um na lista dos “Um Servidor está me vampirizando”. Pegando um resumo na Wikipédia, formas-pensamento são criações mentais que utilizam a matéria fluídica ou matéria astral para compor as características de acordo com a natureza do pensamento. Deste ponto de vista, encarnados e desencarnados podem criar formas-pensamento, com características boas ou ruins, positivas ou negativas. As formas-pensamento são supostamente criadas através da ação da mente sobre as energias mais sutis, criando formas que correspondem à natureza do pensamento gerado. Baseado nisso, toda criação mental, não importa o nome, é uma forma-pensamento. Sua criação e a cultura de quem a criou definirá as características de determinada forma, como sendo Servidor, Tulpa, Ovóide, Larva Astral, Egrégora ou afins. Mas todas são Formas-pensamento.
Tenho visto muita gente reclamando que determinados tipos de Servidores, após o contato com muitos “magistas” e receberem grandes cargas de vontade, passaram a se comportar de forma estranha.
A maioria dos relatos fala de vampirização, mas alguns chegam a mencionar assédios e até mesmo ataques por parte desses Servidores.
Acusam os mesmos de estarem virando Tulpas e, portanto, adquirindo vida e vontades próprias e assediando seus supostos mestres. Para os magistas que começaram na minha época, isso chega a ser bem engraçado. Mas talvez seja porque tínhamos que procurar livros sérios se quiséssemos ser levados a sério e isso nos protegesse das barbaridades que vemos no Google por aí.
Bom, para começar, um Servidor é uma criação da Vontade do Magista. Além do estudo e de técnicas particulares de cada magista para criar seu Servidor, o mesmo exigia Vontade para ser criado. Para vocês terem uma noção do que era a Vontade necessária para a criação de um Servidor, um dos exercícios diários que o Magista deve ter é criar um construto mental (geralmente na forma de um animal) e o visualizar durante todo o dia o acompanhando. Esse animal deveria agir como um animal, caminhando, brincando, fazendo besteira. E o Magista deve estar constantemente mantendo esse animal ali. O Magista só é considerando dominador desse exercício mental quando outras pessoas, de forma instintiva, começam a perceber a presença desse construto (tipo sensação de ter um gato na casa, ouvir sons do animal, sentir o cheiro, ou mesmo o animal passando por suas pernas ou outra parte do corpo). Na minha época, essa era a Vontade exigida antes que a pessoa se aventurasse a criar um Servidor. Portanto, quando o Magista ia criar seu Servidor, ele tinha controle total do mesmo. E sua “programação” era isenta de falhas. Portanto, se determinado Servidor estivesse vampirizando pessoas, era porque o mesmo fora criado para isso. E nunca a vontade do Servidor seria superior à Vontade do seu Criador. O Servidor nada mais é do que uma forma-pensamento do seu criador. Um subproduto deste, não uma forma independente.
Aí você me pergunta - nossa, e se alguém que não possui essa prática cria um Servidor? Eu Respondo, se o “magista” não consegue criar um ratinho no cantinho de sua mente, como ele teria Vontade suficiente para criar um Servidor? No máximo ele criará uma auto-ilusão, que poderá ser aproveitada por Obsessores e, aí sim, ser vítima de vampirização e assédio.
Mas Grande Supremo Sacerdote Megamagísta Baron Babá Tata Samedi Cemitiére Lucífere de Exu Zos Kia Tau Umpalumpa Bundalelê Maurício, e se a pessoa criou um Servidor coletivo e as pessoas passaram a oferecer tanto sacrifício de Sangue / Gozo / Arrotos Supersônicos que o Servidor ficou viciado e escapou da vontade do magista e agora tem vontade própria e virou uma Tulpa? Bem amigos, sigam meu raciocínio. Se o Servidor é uma criação da Mente do Magista, é tão escrava dele quanto seu braço ou sua perna. E se o Criador não tem Vontade para dominar sua criação, essa se desfaz. Ou o mesmo possui algum transtorno mental sério que divide sua Vontade. Mas mesmo assim um bom psiquiatra resolve esse problema. O problema começa quando outras pessoas começam a trabalhar com Servidores coletivos.
Não vou entrar na questão do “O Criador criou o Servidor com o propósito de vampirizar”. Esse artigo (http://www.penumbralivros.com.br/2017/06/frater-optimus-e-terceirizacao-dos-servidores/) fala muito bem sobre esse assunto. Estou aqui para apresentar outra abordagem – a da animificação de transtornos internos espelhados na imagem do Servidor. Alguém se lembra do hipocomágico (https://www.specula.com.br/forum/reflexoes/o-magista-hipocondriaco-ou-hipocomagico)? Esse é o tipo que faz muito isso. A pessoa, geralmente por necessidade de atenção (a Glória do Sofrimento) somatiza uma série de inseguranças internas na imagem do Servidor o qual tentou estabelecer um contato. E muitas vezes acaba por atrair obsessores que se aproveitarão dessa brecha para se alimentar. Lembrem que obsessores são como os Bichos-papão de Harry Potter, que assumem formas variadas para conseguirem seus intentos. São nesses casos que muita gente cai naquela de achar que um Servidor virou uma Tulpa.
Bem, por ser apresentada de forma muito “misteriosa” muita gente não sabe como se cria uma Tulpa e, por isso, deixa a imaginação correr solta sobre o mesmo. No tal debate no grupo, eu mencionei a fragilidade da criação da tulpa, independente de quanta vontade a mesma absorvesse. Para explicar isso, vou mencionar três casos de Tulpa muito famosos. Um registrado num trabalho de faculdade, um “do Mal” e um “do Bem”.
Na década de 1970, um grupo de parapsicólogos canadenses tem a ideia de criar um fantasma.
A ideia era comprovar que fantasmas são produtos da mente humana. Eles criaram um personagem histórico fictício e o chamaram de Phillip. Criaram uma história e até mesmo um retrato desenhado do mesmo. Eles queriam que o grupo realmente acreditasse que Phillip existiu. Após quase um ano e mudanças no método de abordagem para estabelecer contato, Phillip finalmente se manifestou.
Por bastante tempo Phillip conversou com seus interlocutores e até mesmo fez manifestações, como alterar a iluminação ambiente, mover objetos e dar pancadas na mesa. Phillip realmente acreditava ser real. O experimento acabou quando um dos participantes confrontou Phillip com essa realidade “Fomos nós que criamos você, sabia disso?” Desde então, Phillip nunca mais se manifestou. Os próprios pesquisadores afirmaram que usaram exatamente a ideia de Tulpa na criação de Phillip. Se quiserem saber mais, só pesquisar no Google – Experimento Phillip. Mas procurem em sites sérios, por favor. Nada de sensacionalistas...
Outro caso de Tulpa muito famoso é o Bicho-papão. Esse mesmo, da nossa infância. Alimentado pelo medo de milhões de crianças ao longo da nossa existência.
Causando sons noturnos, pesadelos e até mesmo sendo acusado do desaparecimento aqui e acolá de algum pequeno. Muitos de nós (se não todos) já o alimentamos com nossos medos descontrolados e fomos, de certa forma, assediados pelo mesmo. Porém, em algum momento, somos confrontados com a realidade clara – ele não existe. Somos nós quem o alimentamos em nossas mentes. E quando essa realidade se fixa em nossa mente, ele não consegue mais nos aterrorizar. Não importa o quanto tentem impor esse medo novamente em nós, o Bicho-papão perde totalmente seu poder.
E, para finalizar, o mais poderoso de todos – o Papai Noel. O bom velhinho, que nos faz sermos comportados o ano todo na esperança de ganharmos seu presente.
E não importa que saibamos que aquele cara nada mais é do que alguém suando como um porco, com uma barriga geralmente falsa numa fantasia que fede horrores, nosso coração se enche de esperança e sonhos quando nos aproximamos dele e finalmente ganhamos nosso presente. Esse sonho doce passamos para nossos filhos, mas em algum momento a realidade de que o Papai Noel não existe também nos atinge, e infelizmente, por mais saudosismo e emoção que sentimos ao ver a crianças cercando o Bom Velhinho por aí, esse êxtase e felicidade já não atinge nossos corações com a força que atingia quando éramos crianças (sou filho de militar, e lembro que sempre que via um helicóptero eu e meus amiguinhos acenávamos porque achávamos que Papai Noel estava voando neles).
A Tulpa só é poderosa enquanto ela não sabe que não existe de fato. Esse era o segredo tibetano para a criação da Tulpa. Ela NUNCA poderia saber que não existia. Uma vez confrontada com a verdade, ela se desfazia completamente. Não importa quantos milhares de pessoas acreditem nela, ela não terá poder sobre aquele que SABE que ela não existe. Por isso disse que Tulpas são frágeis demais. É como ter o maior dos monstros diante de si, e o mesmo for feito do mais fino dos vidros. Uma pancadinha de realidade e pronto – já era o monstro.
Antes de finalizar, gostaria de falar sobre os Servidores que querem se tornar Deus. Esses casos NUNCA vão acontecer. A Criação de um Deus é mais que meia dúzia de pessoas orando para ele. É um fenômeno cultural, que exige uma forte base de realidade e as pessoas precisam recorrer a ele caso queiram algo. E tem que ser mais que magistas alimentando essa egrégora – precisam ser aquelas pessoas de fé cega, lançando todo seu desespero e fervor na crença de que aquele deus pode ajudar. Como em Deuses Americanos, os deuses modernos surgiram por meio do povo, e não de um grupo de pessoas que praticaram por anos meditação e exercícios herméticos para criá-los.
O texto ficou meio longo, mas o assunto rende demais. Espero ter me feito entender e espero principalmente que vocês pesquisem sobre os assuntos mencionados e tragam isso para suas vidas. Formas-pensamento nada mais são que pensamentos e, portanto, afetáveis pelo mesmo. E deixo com vocês a frase que um de meus mestres martelou com tanta força na minha cabeça que ficou tatuada nela “Não importa o que venha nesse lugar. Não importa o nome, a idade, a história por trás dessa Entidade, lembre-se. Esse é o SEU Círculo. Esses são os SEUS elementos. Essa é a SUA Vontade sobre SUA realidade. Nesse círculo, que está aqui, que está no outro Plano, que está na SUA Mente, VOCÊ É DEUS”.
Abraços fraternos.
Excelente texto!