top of page

Circuito caótico das Personas



Todo ato de magia pode ser definido como uma interferência intencional nas linhas do caos. Isso para resumir bastante a coisa toda. Por que isso é difícil? Por que dá errado?


Um dos principais problemas que pode estar atrapalhando a efetividade de seu intento mágicko, pode ter relação com as pessoas que estão aí dentro da sua cabeça. Como assim? Pessoas dentro da minha cabeça? Pois é, efetivar um intento é também colocá-lo em ordem dentro da sua cabeça.


Dois princípios fundamentais regentes de toda a vida consistem, basicamente, na tarefa animal de evitar o provocar dor, e ir em direção ao que provoca prazer. Em outros termos, colocar barreiras em tudo o que me faz mal, e remover as barreiras de tudo aquilo que eu desejo. Note que isso não é o estabelecimento de uma rede de valores, mas, simplesmente o um reflexo da manutenção do básico para a continuidade da vida. Todos os viventes fazem isso. Pergunto agora, como eu faço magia? Aproximando o que dá prazer? Afastando o que faz mal? Nem um nem outro (not this, not that - neti neti - nem isso, nem aquilo). Isso seria apenas uma redução muito simples do que pode ser o horizonte dos viventes diante de suas possibilidades mágickas. Embora pareça apenas um simples movimento de escolha, de decisão, isso se revela de extrema complexidade. Ora, tudo aquilo que eu evito, me define; tudo aquilo que eu busco, também me define. E tudo aquilo que é resultado das operações possíveis entre o que eu evito e o que eu busco, também me define. Só aqui já são três pessoinhas diferentes morando dentro da minha cabeça. Resta ainda, por exemplo, pensar em tudo o que eu quero ser. Veja, não é o que "eu quero", mas sim o que "eu quero ser", que nada mais é do que aquilo que se projeta diante do resultado entre o que eu busco, o que eu evito, acrescidos da distância na qual eu me encontro das coisas que eu quero, o que também me define. Não estou aderindo a nenhuma teoria da psicologia em particular, no entanto, considero muito válida aqui a idéia Junguiana de um universo arquetípico compartilhado. O vocabulário também se parece com o de temas caros à psicanálise mas, como disse, não estou aderindo a nenhuma escola em particular. Deu um nó aí?


Aquilo que você é agora, aquilo que você quer ser e aquilo que você não quer ser .


Consciência: O fato de perceber-se é um dos grandes sintomas da consciência. Olhe para si, contemple seus limites, sua "forma", o que você sente, como se sente, o que manifesta ao mundo. Todos esses são os aspectos mais diretos da consciência. Sua principal característica, provavelmente, seja a de delimitar o espaço do vivente conforme aquilo que recebe tanto do exterior, quanto do interior. Muitos a consideram como um problema, creio que devemos agradecê-la por nos trazer até aqui, garantindo que continuemos vivos buscando sempre o melhor cálculo entre aquilo que eu desejo, aquilo que eu posso, aquilo que eu devo. Isso lhe parece muito limitador? Mas é o objetivo. Para ficar vivo, sua percepção consciente calcula o perigo externo, juntamente com o perigo interno (sim!), e encontra a saída mais cômoda para te manter vivo (eu disse saída mais cômoda, e não a melhor saída!). A consciência não gosta muito de magia, dá trabalho e pode te destruir. Ah, ela também gosta de manter tudo separadinho, subconsciência, inconsciência, super consciência. É por isso que os exercícios para domínio de si são uma espécie de luta interna.


Superconsciência: Já pensou em ser um Deus? Pois é, o caminho para isso passa por aqui. Já pensou se conseguisse juntar todas essas pessoinhas aí da sua cabeça em uma coisa só sem que elas brigassem? Imagina a força que isso poderia ter? Pois é, o estado de super consciência expande essa percepção de si ao um ponto de não identificação, nem com os desejos da consciência, nem com os problemas da subconsciência. Quando você começa a operar magia com certa eficácia, também começa a experimentar esse "super" estado.


Inconsciência: Portal do caos. A percepção consciente parece orientar o vivente na manutenção e continuidade de sua vida, fazendo ele respeitar a regrinha de sempre, procurar o que é prazeroso, fugir do que é doloroso. O inconsciente é exatamente a borda para os estágios seguintes, onde a percepção individual se expande a um nível maior que o si-mesmo. trabalhar o inconsciente é muito importante para o magista, esse "portal" é o que te levará para outras dimensões mais amplas e interessantes que a objetividade da consciência.


Subconsciência: Veja que não chamei de subconsciente para não gerar confusão com o conceito da psicanálise. Por que o negócio aqui é a sombra mesmo. Sabe aquela gaveta onde estão guardadas aquelas coisinhas que você não quer mostrar pra ninguém? Coisinhas que você até gosta mas, às vezes, odeia gostar? Tudo aquilo que não se ajusta à percepção que você tem de si, então é varrido para debaixo do tapete? Tudo aquilo que a sua consciência rejeita por alguma razão (que muitas vezes, nem você mesmo entendeu). Não sei engane, isso aqui precisa ser trazido à tona e pode explodir feito dinamite. Muitos magistas não conseguem avançar em seus intentos porque simplesmente não são capazes de integrar essa sombra.

Por que eu fiz essa listinha? Considero fundamental entender o que está sob meu controle e o que não está. Mais ainda, é importantíssimo entender como eu controlo aquilo que posso. Há uma série de trabalhos que podem ser realizados a partir disso, que se torna uma forma bastante útil de evocar, estimular e compreender poderes internos que podem ser despertados a partir do relacionamento entre as pessoinhas que existem em sua cabeça.


Vejamos:


Inspirado no triângulo de invocação da goétia, essa prática pode ser tanto performada, quanto visualizada (patchwork). Imagine um triângulo grande o suficiente para que você possa estar lá dentro. Este triângulo está no chão e você se encontra lá dentro (5). Em cada lado do triângulo há um círculo, e cada um destes círculos representa uma das pessoinhas que estão em sua cabeça. No círculo à direita, se encontra a consciência (1), aquilo que você está sendo agora no mundo, sua forma mais primária de expressão. Construa um sigilo que represente sua consciência, este sigilo vai dentro do círculo; procure resumir aquilo que você considera como mais importante na forma como você se expressa para o mundo. O círculo à esquerda representa aquilo que você quer realizar, o que você quer ser, seu eu divino (2). Construa um sigilo indicando o que seria sua "versão Deus". Explore bem esse sigilo, pois ele é valioso para você, pois é o ponto onde você quer chegar. Atrás de você, existe um círculo dedicado à sua sombra (3). Faça um exame de si, procure ser honesto e descreva da melhor forma possível o que você considera como sendo sua sombra. Esse não é um sigilo fácil de fazer (se foi fácil, destrua e faça outro), o enfrentamento da sombra sempre é incômodo, fique atento a isso.

Também há um círculo à frente (4). Este deve permanecer vazio por enquanto. Ele será utilizado para manifestar o que for o alvo do intento. Integra todos esses elementos no interior de um quadrado que deve ser utilizado como um círculo mágico, pois o que será invocado aqui é para o trabalho de aperfeiçoamento de si mesmo, então é bom isolar o campo (6). Lembre-se, você está no interior de um círculo mágico, e os componentes já estão todos circunscritos.




Quer dar uma olhada em sua sombra? Junte o sigilo da consciência(1) ao sigilo da sombra (3) e ative no círculo frontal (4), adicionando o novo intento. Por exemplo: Junte o sigilo da consciência (1) com o sigilo da sombra (3), crie um terceiro sigilo com a frase "quero ser mais responsável" (um exemplo de aspecto da sombra a ser trabalhado). Junte isso tudo em um novo sigilo. Ative visualizando sua energia expandindo a partir do triângulo no qual você se encontra, o triângulo é a representação do inconsciente, o portal que ultrapassa a consciência e te permite o acesso aos seus outros domínios.


Exemplos de uso do circuito:


1 - Você também pode combinar sua sombra para criar uma versão sombria, que pode ser usada para atacar um inimigo, ou conquistar algo, etc. Suponha que uma característica de sua sombra seja a ganância, invocar essa característica em um momento específico pode te ajudar tanto a trabalhar isso, quanto trazer um ganho eficiente para uma ação específica.

O mais importante aqui é aprimorar o seu conhecimento destas "personas" que você pode assumir a partir de sua própria psique.

2 - Quanto mais souber sobre esses aspectos de si mesmo, mais poderá utilizar os "upgrades". Você pode, por exemplo, dominar os atavismos ancestrais que estão dormentes em sua sombra, a força do tigre, a longevidade da tartaruga, o olho do falcão, está tudo lá guardadinho.


3- Se a sua sombra é medrosa e seu "Eu Deus" é corajoso". Combine isso em um sigilo para que sua versão consciente possa se tornar mais corajosa.


4 - Você pode usar este circuito para induzir viagens astrais, basta unir as personas a um intento mágico.


5 - Você quer que o seu "Eu Deus" adquira uma característica da Servidora Ronda, por exemplo. Faça um contrato com ela (leia no Livro Vero como fazer), e explique no contrato que fará esse circuito para introjetar essa característica momentaneamente em você. Especifique o tempo e o que quer. Só faça isso se conhecer bem o servidor!!


A sua criatividade é o limite aqui. Fique atento apenas ao seguinte, você está manipulando os aspectos de sua própria psique, seja cuidadoso, não abuse de si mesmo. Utilize isso para se conhecer, para aprender sobre si mesmo e sobre magia, para evoluir com responsabilidade, aprendendo a integrar seus diferentes aspectos em uma única vontade.


Choyofaque!!


M:.W:.

© Copyright
bottom of page