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Xamanismo na Coreia.


Hoje vamos sair um pouco do ocidente e iremos ao oriente.


É necessário expandir os nossos horizontes e conhecermos outras formas de culturas e religiões que podem agregar sempre ao nosso conhecimento e abrir a nossa visão sobre o mundo.


O xamanismo existiu e ainda existe na coreia. Muitos acreditam que tenham grandes origens e influências dos siberianos.


essa forma de religião data mais de 40.000 anos antes de cristo e os primeiros missionários, que vieram do oeste europeu definiram "xamanismo" ou "witch" como curandeiros, videntes ou

místicos.


De uma forma resumida, durante os períodos de Silla e Goryeo o xamanismo teve grandes desenvolvimentos, porem durante os períodos de confucionismo, tiveram os seus menores relatos e, talvez, os relatos mais brutais contra os praticantes de xamanismo.


Importante informar que anterior à tentativa de difusão do cristianismo, os burocratas, o estado e os xamãs tinham relacionamentos razoáveis, mas que passaram a se romper e enfraquecer cada vez mais.


Os períodos de Silla foram particularmente importantes, pois houve um grande estudo sobre as práticas de xamanismo.


A palavra xamã em coreano significa “mu” e existe uma diferença no tratamento para feminino ou masculino. Mudang se femnino e Baksu se masculina (De forma bem resumida).

Quanto a dinastia Goryeo possui os maiores e melhores relatos dessas práticas. Nesta época, passou-se a haver uma maior dificuldade na manutenção das práticas xamaniacas.


Ainda assim, não completamente dificultada, mas com certas restrições realizadas pelos próprios burocratas coreanos e os responsáveis pelo Estado.


Porem, apesar de uma celebre diminuição das práticas durante esta dinastia, as famílias de maiores importância e influência na coreia unificada ainda utilizavam das práticas.

Praticas realizadas, inclusive, por parte do povo.


Uma vez que as práticas ainda não haviam encontrado tantas barreiras para seu desenvolvimento, ainda era possível, por exemplo, reuniões de pessoas que compartilhavam deste mesmo ideal.


Durante este período, embora o xamanismo tenha permanecido claramente importante para a sociedade coreana, ele nunca desfrutou do mesmo patrocínio estatal que o budismo gozava,


Quando partimos para a Dinastia Choson, houve uma quebra ainda maior. O estado tentou suprimir as práticas de uma forma muito mais agressiva nesse período. O confucionismo era incentivado pelas autoridades.


Certamente o maior conflito com o xamanismo veio dos literatos confucionistas.


Isso não se deve simplesmente a uma diferença de ideologia e prática, mas sim à natureza humanística do confucionismo.


O xamanismo coreano se baseia na crença de que todo objeto natural tem um espírito, e o homem deve viver de acordo com a natureza e os espíritos. Portanto, não são as regras de qualquer homem, estudioso ou não, que um crente no xamanismo seguiria.


Portanto, não são as regras de qualquer homem, estudioso ou não, que um crente no xamanismo seguiria. Os governantes confucionistas exigem total controle e consciência de tudo o que ocorre em seu estado.


No entanto, durante a Dinastia Choson o xamanismo foi oficialmente rotulado como meramente uma superstição com algum valor cultural, e essa continua sendo a visão da maioria dos coreanos hoje.


Durante a guerra de 1940 houve uma nova tentativa de supressão, vindo do governo japonês, que tentou substituir as práticas pelo xintoísmo estatal.


O governo coreano, desde a libertação do Japão, tem perseguido xamãs periodicamente e tentou erradicar o xamanismo,


De fato a coreia e o leste europeu tinham uma forma diferente de tratarem as bruxas e o xamãs, assim como de exercer seu poder dentro doe territórios.


Uma curiosidade, é que existem semelhanças, a maioria seria mulher e a maioria seria perseguida em algum momento por suas práticas religiosas.


Na Coreia do Norte, os xamãs sofreram perseguições e campanhas de erradicação junto com todas as religiões, mas mesmo na Coreia do Norte totalitária as tentativas falharam.


Nos últimos anos, o governo sul-coreano reconheceu que as danças, canções e encantamentos que o compõem constituem aspectos importantes da cultura coreana.


A partir da década de 1970, rituais que antes eram mantidos fora da vista dos turistas internacionais começaram a ressurgir.


Na antiguidade, os líderes políticos também desempenhavam o papel de oficiantes nos serviços de adoração aos espíritos celestiais.


Os xamãs coreanos são classificados em dois grupos de acordo com seu processo de iniciação. Gangsinmu, ou xamã possuído, é designado pelos espíritos para entrar no chamado. Uma vez que o chamado espiritual é confirmado, um ritual de possessão (naerimgut) é realizado para aceitá-lo formalmente, seguido por um longo período de treinamento em procedimentos e métodos rituais sob a mãe espiritual (sineomeoni) ou pai espiritual (sinabeoji).


Os xamãs que foram iniciados pela experiência da possessão são capazes de fazer contato direto com os espíritos ao oficiar rituais.


Seseummu , ou xamã hereditário, herda a vocação como um ofício familiar, começando desde muito cedo o treinamento das habilidades necessárias, incluindo canto e dança. Eles não experimentam a possessão nem no estágio de iniciação ou como oficiante, mas se concentram em impressionar os espíritos com música e dança. Enquanto o primeiro entrega a perspectiva humana aos espíritos por meio do contato direto, o último entrega os desejos dos humanos por meio da performance.


Geograficamente, os xamãs "possuídos" eram mais comuns ao norte do rio Han, enquanto os xamãs hereditários eram mais prevalentes ao sul do Han.


Os simbang da Ilha de Jeju podem ser categorizados como xamãs hereditários, uma vez que a vocação é herdada por laços de sangue, e eles se comunicam com os espíritos por meio de adivinhação e não possessão, mas também existem diferenças, incluindo a ênfase em poderes sobrenaturais e uma firme crença nos espíritos.


Nas regiões do sul, incluindo o Jeolla do Sul, myeongdu são adivinhos que se comunicam com os fantasmas de crianças mortas, o que os torna semelhantes a xamãs possuídos, mas não oficiam rituais xamânicos.


No final, diante de tantos conflitos históricos, podemos entender que é uma religião e um conhecimento amplamente difundido na coreia e que precisou se adaptar através dos séculos para sobreviver.


E existem valores no xamanismo coreano que podemos absorver e aplicar: como respeito pelos ancestrais, cuidado com nossas crenças indígenas, amor e apreço pela natureza e compaixão.





Religions of Korea in Practice (Princeton Readings in Religions) Hardcover – 3 Dec. 2006

Seoul and Salem: Contrasts in how states treat famele perfomers. https://www.jstor.org/stable/24329483


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