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Filipe S. Menezes
24 de out. de 2017
In Poesias
O momento aquele
em que as vestes da mente se desfazem,
em que o corpo é o único altar,
em que as preces que saem da boca de um deus
vão direto para a pele de uma deusa,
através dos lábios dele,
que cantam nos seios dela as suas vontades,
enquanto ela canta em gemidos surdos a sua profecia.
Mistos de coisas que acontecem agora,
em rupturas dos arranhões que revelam nova pele,
misto das coisas que aconteceram no passado,
nas cicatrizes dos arranhões na pele antiga,
misto das coisas que hão de acontecer no futuro
das quais as marcas o dirão,
misto das coisas do corpo,
da saliva para o suor,
do suor para a saliva.
Mas a deusa contempla o falatório do deus,
e o seu falo,
O deus contempla a visão da deusa,
e a sua vulva,
E enquanto ela vê
Ele fala, ele faz,
Enquanto ela faz
Ele vê, ele sonha
Os corpos prontos se misturam em Si,
as bocas concavas se penetram,
as línguas convexas se preenchem!
o cajado é contraído e impelido a se expandir,
o cálice transborda e percebe-se vazio,
mas preenchido,
e o gozo escuro goteja,
o que era alvo
agora é rubro.
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